Programa Costa Atlântica reforça importância das Unidades de Conservação marinhas e costeiras

 Fundação SOS Mata Atlântica divulgou em dezembro os contemplados do V Edital do Programa Costa Atlântica.


Os sete projetos escolhidos receberão, ao todo, 225 mil reais para desenvolverem ações enquadradas nas duas linhas de apoio do programa: “Criação e Consolidação de Unidades de Conservação Marinhas” e “Conservação e Uso Sustentável de Ambientes Marinhos e Costeiros”.

O edital conta com o apoio das empresas Repsol Sinopec, Bradesco Capitalização e Anglo American. A seguir, conheça um pouco mais sobre os projetos e os benefícios que eles trarão para o mar e a costa de suas regiões.

Bahia
Dos sete projetos selecionados, um é da Bahia: “Abrindo os olhos e os ouvidos: diagnóstico e sensibilização das comunidades pesqueiras sobre as áreas marinhas protegidas e os conflitos”, do Instituto Baleia Jubarte (IBJ), que busca contribuir para a solução e minimização do conflito entre pescadores e cetáceos (mamíferos marinhos como as baleias e os golfinhos) . O projeto beneficiado realizará iniciativas de gestão e ordenamento da pesca na Região dos Abrolhos, incluindo comunidades pesqueiras costeiras, no extremo sul do Estado.

O projeto passará pelas cidades de Prado, Alcobaça, Caravelas, Nova Viçosa e Mucuri, onde comunidades pesqueiras, atores sociais e instituições envolvidas com a pesca serão avaliados pelo IBJ. Com isso, o Instituto pretende identificar as principais perdas e prejuízos nessas comunidades, debater e construir propostas conjuntas e efetivas de soluções para os problemas apresentados.

De acordo com Beatriz Barbato, bióloga do Instituto Baleia Jubarte, “Este projeto inova ao tentar utilizar uma abordagem diferenciada no diálogo com as comunidades pesqueiras”. “A intenção não é apenas difundir informações, necessitamos compartilhar conhecimento para estabelecermos soluções conjuntas. É preciso quebrar resistências, ouvir as comunidades pesqueiras, fornecer ferramentas e meios para que eles se organizem e passem a se tornar atuantes nas questões ambientais, políticas, econômicas e sociais”, destaca ela.

Com o resultado do V Edital do Programa Costa Atlântica, a Bahia passa a ter seis projetos apoiados pela Fundação SOS Mata Atlântica. Os primeiros projetos contemplados foram em Ilhéus e em Mata de São João, nos editais I e II. No terceiro edital, dois projetos foram selecionados, um deles foi do Consórcio entre o Instituto Baleia Jubarte e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caravelas com o projeto “Formação do Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista Marinha do Cassurubá”. O IV Edital teve um projeto escolhido na Bahia, o SOS Caramuanas, no sudeste da Ilha de Itaparica.

Piauí
O “Projeto Ilha Verde”, da Comissão Ilha Ativa, visa fortalecer as comunidades agroextrativistas da Ilha Grande de Santa Isabel, por meio da recuperação e preservação dos recursos naturais do território. Para isso, a Comissão Ilha Ativa conta com os esforços da sociedade, por meio do incentivo ao desenvolvimento de atividades alternativas geradora de renda e de práticas sustentáveis.

O projeto pretende elaborar três manuais de boas práticas com os principais recursos naturais explorados nas áreas do cajuí, murici e carnaúba. Com isso, a Comissão Ilha Ativa pretende planejar e acompanhar as atividades de produção das organizações e incentivar práticas agroecológicas, por meio de implantação de quintais produtivos e de viveiro de mudas para o reflorestamento.

De acordo com Flávio Luiz Simões, coordenador de práticas sustentáveis da Comissão Ilha Ativa, o Projeto Ilha Verde será o ponto de partida para que atividades sustentáveis de geração de renda possam ser desenvolvidas pelos beneficiados e, posteriormente, replicado a outros moradores do território. “Para o desenvolvimento dessa região o projeto pretende, por meio de práticas agroecológicas, valorizar e preservar os recursos naturais, bem como, a introdução de técnicas de agriculturas para obtenção de alimentos seguros”, destaca ele.

Com esse apoio, o Piauí passa a ter dois projetos da Comissão Ilha Ativa apoiados pela Fundação SOS Mata Atlântica. O primeiro projeto, contemplado pelo IV edital, contou com a elaboração de um diagnóstico da realidade extrativista e das populações tradicionais, que passaram a conviver com um aumento do fluxo turístico de potencial impacto para o ambiente em que vivem, na região da Reserva Extrativista (Resex) do Cajuí em conjunto a Resex Marinha do Delta do Parnaíba.

Rio de Janeiro
O “Projeto de restauração ecológica de área na foz do Rio Guapimirim”, da Cooperativa Manguezal Fluminense, busca recuperar áreas degradadas, que antes eram alvos de atividades irregulares. O projeto beneficiado plantará aproximadamente 3.630 mudas de mangue, de três espécies encontradas na região da Área de Proteção Ambiental (APA) Guapimirim, para recuperar uma área de 5.450 m².

A APA Guapimirim abrange a área de manguezal mais preservada do Estado do Rio de Janeiro. Para atingir o objetivo do projeto, a cooperativa fará uma limpeza do local para retirada de lixo, e em seguida fazer a marcação do local onde cada muda será plantada. A recuperação do mangue prevê benefícios como o controle de processos erosivos, ação depuradora de poluentes, manutenção de recursos pesqueiros, conservação da biodiversidade e subsistência de comunidades tradicionais.

De acordo com Claudio Mendonça da Silva, Presidente da Cooperativa Manguezal Fluminense, “a área escolhida para a realização do projeto é de fundamental importância para a Bacia do Rio Guapimirim e para a Baía da Guanabara. Com a recuperação do local, as espécies de animais da região serão beneficiadas e a água do rio ficará mais pura, o que facilita para as espécies de peixes criarem o seu berçário natural”. “A parceria entre a Cooperativa Manguezal Fluminense, APA Guapimirim e SOS Mata Atlântica irá fortalecer o projeto e será importante para a recuperação do local e sustento da população da região”, destaca ele.

O “Projeto de restauração ecológica de área na foz do Rio Guapimirim” é o quarto apoiado pelo Costa Atlântica no Rio de Janeiro. Os primeiros projetos contemplados foram “Centro de Informações Ambientais da Estação Ecológica”, do I Edital e “Serviços Ambientais em Ecossistemas Costeiro”, do Instituto Marés contemplado do III Edital. O IV Edital teve um projeto escolhido no Rio de Janeiro, a “maquete interativa”, uma ferramenta que auxilia a implementar planos de manejo participativo em UCs costeiras e marinhas.

Santa Catarina
O projeto “Bioinvasão pelo coral-sol Tubastraea sp. (Cnidaria: Scleractinia): Monitoramento e controle na Rebio Arvoredo e região do entorno”, do Instituto Ekko Brasil, pretende avaliar a invasão dessa espécie no litoral de Santa Catarina. Para isso, o instituto irá monitorar diversos pontos no litoral catarinense, nas regiões portuárias e na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo.

O projeto pretende monitorar a região por meio da colocação de placas de bioincrustação e por mergulho, além de treinar os mergulhadores locais para identificação do coral invasor, formando uma rede de extermínio da espécie no litoral catarinense. O projeto será executado pela equipe da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e do Laboratório de Biodiversidade Marinha da UFSC, sendo os recursos financeiros administrados pelo Instituto Ekko Brasil.

De acordo com Adriana Carvalhal Fonseca, Analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e coordenadora do projeto, a invasão do coral sol no litoral de Santa Catarina é recente e por isso ainda passível de ser manejada. “A ideia do projeto é nos anteciparmos ao problema. Se identificarmos, o quanto antes, os pontos onde a espécie invasora está estabelecida, poderemos controlar a sua expansão e evitar danos à biodiversidade local, em particular à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo”, destaca ela.

Com o resultado do V Edital, Santa Catarina passa a ter dois projetos apoiados pelo Programa Costa Atlântica. O primeiro projeto, contemplado pelo edital III, contou com a formação de monitores ambientais de áreas de manguezal, na Vila da Glória, em São Francisco do Sul. O projeto promoveu a integração e consciência da comunidade na região, especialmente no manguezal, criando uma alternativa de renda que integrou o desenvolvimento econômico local, conservação ambiental e cultural.

São Paulo
Dos sete projetos selecionados, três são de São Paulo: o “Plano de Ação de Pesca Responsável do município de Itanhaém”, da Ecosurfi, foi contemplado pela linha 1 do V Edital do Programa Costa Atlântica. Com o objetivo de desenvolver um diagnóstico e planejamento participativo de pesca responsável, no município de Itanhaém, a Ecosurfi desenvolveu o projeto para capacitar e mapear as atividades de pesca na região. As etapas desse processo envolvem a mobilização do público-alvo, palestras, questionários, oficinas e rodas de conversa.

O projeto “Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Orgânicos da Prainha Branca”, da Physis SDA, foi contemplado também pela linha 1 do edital. Para preservação do aterro local, saúde e bem estar da população, o projeto tem como objetivo gerenciar os resíduos sólidos orgânicos da Prainha Branca por meio da aplicação de técnicas e educação ambiental. Desenvolvido pela Physis SDA, em parceria com a Fundação Florestal e Sociedade Amigos da Prainha Branca, além de promover a gestão destes resíduos, visa capacitar moradores locais para que auxiliem na implantação e continuidade do projeto.

Segundo Vitor Yuki, diretor executivo da Physis SDA, “Os resultados do projeto de gerenciamento dos resíduos sólidos da Prainha Branca trarão para toda a sociedade e colaboradores envolvidos, uma nova forma de ver e tratar os resíduos orgânicos. A Physis espera que essa ideia se espalhe a outras comunidades que sofrem com os mesmos problemas”, destaca ele.

O projeto “Sistema de Gestão de Informações via Web Mapping”, da SALT Ambiental, foi o único de São Paulo contemplado pela linha 2. O projeto propõe a criação de uma ferramenta digital para aquisição e gerenciamento de informações ambientais da APA Marinha do Litoral Norte, podendo ser utilizada em conjunto com a sociedade. A ferramenta prevê o recebimento de textos, imagens desenhos e gráficos, e a disponibilização de informações ao público via Internet.

De acordo com Thiago Coelho, diretor técnico da SALT Ambiental, esta “é a mais nova ferramenta de gerenciamento costeiro”. “A participação do público, aliado a um sistema de armazenamento, filtros e disponibilização das informações em um mapa interativo, trará uma nova forma de se conhecer e gerenciar áreas de proteção ambiental como a APA Marinha do Litoral Norte”.

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