União Europeia tenta manter esforços para cumprir meta de renováveis


Fernanda B. Müller, do Instituto CarbonoBrasil

Uma nova análise realizada pela consultoria Ecofys a pedido da Comissão Europeia mostra que os países membros da União Europeia (UE) tiveram um crescimento significativo na geração e consumo de energias renováveis, e que houve uma evolução importante na mitigação de barreiras à integração da rede de eletricidade e na implementação de garantias de origem da energia fornecida.

Dados de 2010 indicam que, no geral, a UE está no caminho para atingir 20% de renováveis até 2020, como determina a sua política de mudanças climáticas. As energias renováveis tinham 12,7% do mix energético em 2010.

Porém, o estudo alerta que o panorama para 2020 é incerto. As projeções mostram que com as políticas e medidas atuais quase todos os países membros não conseguirão cumprir a meta, portanto, que serão necessários maiores esforços, especialmente para – apesar da crise econômica – não interromper esquemas existentes de investimentos em renováveis.

Biocombustíveis
Outra análise do Ecofys contribui para um aspecto elementar do incentivo ao uso de fontes renováveis, a segurança alimentar e ambiental quando se trata de biocombustíveis. A principal conclusão é que os impactos do consumo de biocombustíveis ocorrem principalmente dentro da própria UE, pois a maior parte da matéria-prima (cerca de 80%) é produzida no bloco.

O restante da produção vem principalmente da Argentina, Brasil – a fração de etanol vinda do Brasil caiu pela metade em relação a 2008 –, Estados Unidos, Malásia e Indonésia, onde a Ecofys analisou as características da área utilizada e o quadro regulatório para salvaguardar a sustentabilidade dos cultivos.

Entre 2008 e 2010, o volume de biocombustíveis consumidos na UE aumentou em 39%, sendo 75% biodiesel e 21% etanol.

As análises mostram que os países da UE consideram como baixo os impactos da produção sobre a qualidade da água e do ar e o relatório nota a expansão contínua de programas voluntários de certificação, como a Mesa Redonda sobre Soja Responsável (RTRS), da qual o Brasil faz parte.

Preocupantemente, as análises apontam que os “riscos à biodiversidade resultantes do consumo de biocombustíveis na UE são estimados como maiores no Brasil e nos Estados Unidos, principalmente devido à conversão de áreas arbustivas e campos”. Quanto ao estresse hídrico, foram constatados impactos consideráveis na própria UE e na Argentina e Paraguai.

A produção de soja, óleo de palma, milho e cana de açúcar tem o maior risco de prejudicar a qualidade do ar.

A publicação ainda enfatiza que, analisando o mercado agrícola global, fica claro que a expansão do uso de biocombustíveis no bloco contribuiu pouco para as altas históricas no valor dos cereais. O impacto foi mais substancial nos preços de commodities alimentícias não cereais, de cerca de 4%, devido à demanda por óleo vegetal.

Fluxo financeiro
Tendo em vista o desenvolvimento do setor, a Comissão Europeia lançou nesta semana uma segunda chamada do programa NER 300, que promove a demonstração comercial de tecnologias inovadoras para o uso de energias renováveis, sendo um dos principais instrumentos da UE para o combate às mudanças climáticas e incentivo ao crescimento ‘verde’.

O programa também visa incentivar tecnologias “ambientalmente seguras” de captura e armazenamento de carbono (CCS), porém, na primeira rodada de investimentos nenhum projeto nesse setor foi considerado elegível.

Os fundos do programa são provenientes da venda de 300 milhões de permissões de emissão da Reserva de Novos Entrantes (NER) sob o esquema europeu de comércio de emissões (EU ETS). Ainda restam 100 milhões de permissões para venda – que financiarão a segunda rodada do NER300 –, o que preocupa participantes do mercado de carbono, já que o sistema está abarrotado de créditos devido à baixa demanda.

A primeira chamada destinou mais de € 1,2 bilhão para 23 projetos de energias renováveis em 16 países.

“A surpreendente resposta à primeira chamada mostrou que as empresas da UE têm o conhecimento e a ambição para liderar a transição de baixo carbono…Esperamos ter uma ampla gama destes projetos operacionais em 2018”, comentou a comissária para mudanças climáticas Connie Hedegaard.

Os países membros da UE têm três meses para juntar as propostas das empresas interessadas e submeter ao Banco Europeu de Investimentos.

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