Uma célula de combustível a hidrogênio produz eletricidade
sem qualquer poluição - ela produz apenas vapor d'água como subproduto.
O problema é que processo de produção do hidrogênio ainda é baseado em matrizes fósseis.
É por isso que se busca com
tanto afinco uma forma de obter hidrogênio a partir de fontes limpas.
Pesquisadores brasileiros
estão concentrando seus esforços não exatamente em algo limpo, mas na água suja
descartada pelas indústrias cítrica e sucroalcooleira.
Se tiverem êxito, ao menos em
termos ambientais o processo será duplamente limpo: a água poluída será tratada
e o hidrogênio dispensará o gás natural para sua produção.
Hidrogênio
combustível
Há alguns entraves técnicos a
serem vencidos antes que as células a
combustível a hidrogênio tornem-se tecnicamente viáveis. Mas o
principal problema é, sem dúvida, o próprio combustível.
O hidrogênio não é encontrado
isolado na natureza. Os processos disponíveis atualmente para obtê-lo são tão
caros e poluentes que quase chegam a anular os benefícios proporcionados pelo
uso das células.
A saída encontrada pela equipe
brasileira é usar o hidrogênio no próprio local de produção, seja em células a
combustível, seja queimando-o para gerar energia térmica.
A professora Sandra Imaculada
Maintinguer, da UNESP, explica que a produção biológica de hidrogênio já foi
bastante testada. No caso das águas residuárias reaproveitadas da indústria,
porém, os compostos estão extremamente diluídos.
"A água residuária não
tem só açúcar. Óleo de máquinas e outros compostos também são encontrados no
substrato, e reduzem a capacidade de produção de hidrogênio", diz Sandra.
Além da indústria da laranja, a equipe pretende testar o mesmo processo de
produção biológica de hidrogênio nos resíduos da indústria sucroalcooleira.
A ideia é usar os efluentes
para gerar hidrogênio e acoplar essa fonte de energia ao sistema de tratamento
da empresa. Uma possibilidade é colocar os resíduos em reatores biológicos. Com
o gás liberado por esses reatores, seria possível gerar eletricidade.
Futuro com
hidrogênio
O professor José Luz Silveira,
também da UNESP, estuda as aplicações do hidrogênio e produz protótipos de
células combustíveis.
Silveira partilha com Sandra
da visão de que a melhor saída passa por utilizar o hidrogênio no local onde é
produzido, devido às dificuldades de transporte do gás.
Ele também acredita que o
setor sucroalcooleiro é um dos principais candidatos a se beneficiar com este
tipo de tecnologia no futuro.
Com pequenas adaptações, a
indústria sucroalcooleira poderá produzir o bio-hidrogênio a partir de um
vegetal, aposentando assim os processos atuais, que recorrem a combustíveis
fósseis.
O interesse nacional pela
célula de combustível já foi maior. "O Brasil já destinou bastante dinheiro
para os estudos com hidrogênio, mas, com a expectativa do pré-sal, os
investimentos cessaram", diz Silveira.
O pesquisador avalia que o uso
em larga escala do hidrogênio vai levar mais tempo para se difundir do que se
imaginava há alguns anos. "Mas não há dúvida de que será uma das
alternativas para uma matriz energética limpa. Já avançamos muito, e não vamos
parar," afirma.
Fonte: inovação tecnológica