A Arquitetura respeitando a natureza de seu entorno

Nas vastas extensões em torno de um fiorde no oeste da Noruega, uma pequena cabine chama atenção…ou melhor, não chama nem um pouco a atenção exigindo que seu observador se concentre nas curvas do terreno para perceber sua presença.

A casa de campo chamada de Åkrafjorden, construída para o empresário Osvald Bjelland foi um empreendimento único desenvolvido pelo escritório norueguês Snøhetta com sede na cidade de Oslo.

Para projetar a pequena cabana, os arquitetos precisaram considerar uma série de características ambientais que nortearam diretamente o projeto, a começar pelo terreno rochoso e acidentado repleto de vegetação baixa exposto diretamente a neve do inverno capaz de alcançar quase 5 metros de altura em seu auge, além da altitude de cerca de 800 metros acima do nível do mar. Para complicar ainda mais, o local não conta com estradas próximas exigindo que seu acesso seja feito a pé, a cavalo ou pelo ar. Com esses problemas, como seria possível chegar até o local para iniciar as obras?

O ambiente inóspito fez com que tanto o projeto quanto sua construção fossem precisamente orquestrados para que o objetivo fosse alcançado sem causar impacto na área. Para solucionar o problema de locomoção, a cabana foi feita por meio de módulos desmontáveis construídos em terras baixas por um carpinteiro local e levados posteriormente ao local de montagem por um helicóptero.

Duas vigas de aço compõe a estrutura e são fechadas com tábuas de madeira talhadas à mão. Na cobertura, os arquitetos optaram pelo uso de vegetação nativa e na parede exterior utilizaram pedras locais que servem como camuflagem para a cabana e tornam sua arquitetura menos agressiva. “A intenção era fazer o observador conseguir ver apenas uma curva que poderia ser confundida com uma rocha ou uma colina”, explica a arquiteta sênior Margrethe Lund.

Segundo os arquitetos do projeto, a vista da paisagem local era tão bela que fez com que quisessem interferir o mínimo possível em seu entorno. “O local é tão bonito e remoto que nós passamos a querer uma edificação que se misturasse com a escala e a forma das montanhas em torno dele”, diz  Lund.

O interior segue a curva exterior e conta com uma entrada abrigada no lado mais alto da estrutura que leva a uma área de serviço compacta ideal para a preparação de alimentos, armazenamento de utensílios e mantimentos, e para pendurar roupas molhadas após uma caminhada. Acima do local encontra-se uma beliche em um mezanino que é acessado por uma coluna que serve como escada. O mobiliário personalizado foi pensado para aconchegar o máximo seus visitantes que durante o frio podem se proteger na lareira localizada na parte central da cabana.


Extraordinariamente, a respeito de sua área de 115 metros quadrados, os arquitetos asseguram que a cabine pode acomodar até 21 convidados. “É comparável a um barco à vela”, diz Lund. Uma vez lá dentro, olhando para fora através de uma fachada de vidro, é possível se sentir abraçado pela paisagem à borda do mundo.
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