O primeiro “zoo interativo de micróbios” do mundo abriu as
portas em Amsterdã nesta terça-feira (30), lançando nova luz sobre as
minúsculas criaturas que compõem dois terços de toda matéria viva e são vitais
para o futuro do nosso planeta.
Orçado em 10 milhões de euros (US$ 13 milhões), o Museu
Micropia fica perto do zoológico real Artis, em Amsterdã, cujo diretor teve, há
12 anos, a ideia de expor um arranjo de micróbios vivos em um “microzoo”.
“Tradicionalmente, os zoológicos tendiam a mostrar apenas
uma pequena parte da natureza, especificamente os animais maiores”, declarou
Haig Balian à AFP.
“Hoje, nós queremos exibir a micronatureza”, disse Balian,
que acredita que a importância dos micróbios nos nossos dias atuais tem sido
subestimada desde que o cientista holandês Antonie van Leeuwenhoek viu as
criaturas microscópicas no século XVII.
Frequentemente, os micróbios são associados a doenças,
provocadas por vírus, bactérias, fungos e algas, mas eles também são essenciais
para nossa sobrevivência e desempenharão um papel cada vez mais importante no
futuro da humanidade e do planeta – acrescentou Balian.
“Os micróbios estão em toda parte. Portanto, precisamos de
microbiologistas que sejam capazes de trabalhar em qualquer setor: nos
hospitais, na produção de alimentos, nas indústrias petrolífera e farmacêutica,
por exemplo”, afirmou.
Eles já são usados na produção de biocombustíveis, no
desenvolvimento de novos tipos de antibióticos e no melhoramento da
produtividade agrícola.
Experiências têm demonstrado seu potencial futuro em campos
diversos, da geração de energia ao reforço de fundações de prédios, passando
pela cura do câncer.
“Se deixarmos a ciência da microbiologia no escuro, relegada
a alguns poucos especialistas, o interesse por ela nunca vai se desenvolver”,
alegou Balian.
“Queremos mostrar aos visitantes como tudo na natureza está
interconectado e como os micróbios, fundamentalmente, são parte dessa conexão”,
acrescentou.
Cada humano adulto carrega no corpo cerca de 1,5 quilo de
micróbios, e nós morreríamos sem eles.
Grande parte do museu – que alega ser o primeiro do mundo –
se parece com um laboratório, com fileiras de microscópios conectados a enormes
telões.
Os visitantes podem observar por uma janela um laboratório
em tamanho real, onde diferentes tipos de micróbios se reproduzem em placas de
Petri e tubos de ensaio.
Entrando em um elevador, é possível ver a imagem
superaproximada de uma câmera no olho de alguém, revelando as minúsculas
criaturas que vivem em nossos cílios. A câmera, em seguida, aproxima-se de uma
bactéria no cílio e, finalmente, de um vírus dentro da bactéria.
Os visitantes podem ver a reprodução microbiana por um
microscópio tridimensional, especialmente desenvolvido e construído para o
Micropia, ou observar um modelo em escala gigante do vírus Ebola, que está
devastando o oeste da África.
Um “scanner” microbiano contará instantaneamente quantos
micróbios vivem no corpo do visitante e onde.
Os visitantes mais corajosos poderão testar o “Beijômetro”
(“Kiss-o-Meter”, em inglês) e saber quantos micróbios são trocados quando um
casal se beija.
“Você sabia, por exemplo, que existem 700 espécies de
micróbios vivendo na sua boca? Ou 80 tipos de fungos em seu calcanhar?”,
perguntou Balian, com um sorriso nos lábios.
“Uma visita ao Micropia mudará para sempre a forma como você
vê o mundo”, concluiu.
Fonte: Ambiente Brasil