Um artigo publicado no periódico americano Naturereforça
a hipótese de uma nova extinção em massa - como é conhecido o
desaparecimento de várias espécies em um curto período de tempo. Depois
das cinco grandes extinções provocadas por eventos naturais, ao longo dos
últimos 540 milhões de anos, a sexta teria sido desencadeada pelo homem: a caça
e a pesca em larga escala, a contaminação por germes e vírus e a alteração do
clima por causa da queima de combustíveis fósseis poderão responder pelo
desaparecimento de metade das espécies até 2100.
Paleontólogos da Universidade da Califórnia (EUA) analisaram
o estado atual da biodiversidade utilizando os mamíferos como parâmetro. Dessa
análise, surgiu um padrão que mostra o estrago feito pelos humanos. De acordo
com os pesquisadores, até 500 anos atrás, a extinção de mamíferos era evento
relativamente raro. Na média, afirmam, apenas duas espécies desapareciam a cada
milhão de anos. Nos últimos cinco séculos, contudo, pelo menos 80 das 5.570
espécies de mamíferos desapareceram. Para a equipe, os números não deixam
dúvidas de que uma sexta extinção em massa da Terra está em andamento.
De acordo com o biólogo francês Gilles Boeuf, presidente do Museu de História
Natural de Paris, a influência do homem no que seria a sexta extinção em massa
foi levantada pela primeira vez em 2002. Até agora, os cientistas identificaram
1,9 milhão de espécies, e entre 16.000 e 18.000 novas espécies — a maioria
microscópica — são descobertas todos os anos. "Nesse passo, levaremos mil
anos para registrar toda a biodiversidade do planeta, que está entre 15 e 30
milhões de espécies", afirma Boeuf. "Contudo, se a destruição
continuar, até o fim do século teremos desaparecido com metade das espécies,
especialmente em florestas tropicais e recifes".
O quadro alarmante é corroborado pela Lista Vermelha de
animais ameaçados de extinção, compilada pela União Internacional pela
Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Se as taxas de
desaparecimento das espécies continuarem como estão "a sexta extinção em
massa pode ocorrer entre 300 e 2.200 anos", diz o pesquisador Anthony
Barnosky, um dos autores do estudo. Mesmo assim, os paleontólogos têm
esperança. "Até agora, apenas 2% de todas as espécies foram extintas. A
Terra ainda possui bastante biodiversidade para ser salva."
Fonte: Veja