O
consumidor tem um grande poder em mãos, embora nem sempre tenha consciência
disso. Por meio de suas escolhas cotidianas, ele pode contribuir para reduzir
os impactos negativos no meio ambiente, na economia, na sociedade e no seu
próprio bem-estar.
Consumir
apenas o suficiente possibilitará que haja recursos naturais para todos e para
sempre. O planeta não consegue regenerar os seus recursos naturais na mesma
velocidade de nossas demandas. Com o crescimento da população e dos níveis de
consumo, o Banco Mundial estima que em 2050 serão necessárias quase três Terras
para dar conta das demandas do nosso estilo atual de vida.
Por
isso, o Instituto Akatu divulga as 6 Perguntas do Consumo Consciente, que
ajudam o consumidor a refletir antes e depois de fazer uma compra.
Confira
o material a seguir:
1) POR QUE COMPRAR?
A
prática do consumo consciente começa com a análise da necessidade do produto ou
do serviço que se vai consumir. Por que comprar? Eu realmente preciso comprar
ou estou sendo levado pelo impulso do momento? Preciso comprar mais ou já tenho
o suficiente?
Somos
bombardeados diariamente com propagandas e promoções, que nos induzem ao
consumo. Mas é preciso pensar sobre o que motiva essa compra: uma real
necessidade ou um desejo irracional?
Antes
de fazer a compra, pense se há alternativas a ela, como reaproveitar algo que
já tenha em casa, fazer uma troca com alguém, pegar um item emprestado ou
reformar algo que você já tem.
Também
é bom lembrar que essa pergunta se aplica tanto aos bens duráveis quanto aos
não duráveis, como alimentos. É muito comum encontrarmos um alimento em
promoção ou com uma ótima aparência e nos sentirmos tentados a comprá-lo, mesmo
que não tenhamos certeza sobre quando vamos consumi-lo. Por isso, antes de ir à
feira ou ao mercado, é indispensável fazer um planejamento do cardápio da
semana e dar uma boa checada no que sobrou na geladeira e na despensa.
Vale
a pena ir mais fundo e refletir sobre o que realmente importa na sua vida:
muitas vezes, dedicamos tempo para fazer um trabalho extra porque buscamos ter
recursos para alguma compra, mas é bom pensar se o que precisamos mesmo não é
de mais proximidade com a família e os amigos, de tempo livre para praticar
nossos hobbies.
Se
você deixou de fazer uma compra por impulso ou impensada por ter se feito essa
primeira pergunta, parabéns! Economizou seu tempo, seu dinheiro e evitou os
impactos negativos da fabricação do produto como a produção de resíduos e a
emissão de gases poluentes na extração e transporte de recursos naturais.
Se
você refletiu sobre a necessidade de adquirir um produto, estudou as
alternativas e resolveu mesmo fazer a compra, vá para a próxima pergunta.
2) O QUE COMPRAR?
Consciente
da necessidade de comprar um produto, é hora de fazer uma boa definição das
características desejadas. Pense sobre quais as especificações e
funcionalidades que você realmente precisa no produto para atender à sua
necessidade, evitando ser atraído por elementos que não serão úteis no uso que
você fará do produto.
É
importante levar em consideração critérios como a qualidade, a durabilidade e a
segurança do produto, além do seu preço. Não se deixe levar por modismos,
prefira um produto mais durável, que será útil por mais tempo e que permitirá
levar mais tempo para que uma nova compra venha a ser necessária no futuro.
Além
disso, para fazer a escolha, considere não só o produto em si, mas também a
embalagem dele. A embalagem deve ser usada para proteger e transportar o
produto com segurança, ou para dar mais durabilidade, tipicamente, a um produto
alimentar. No entanto, em alguns casos, existem embalagens em excesso que não
têm nenhuma funcionalidade, terminando por se acumular nos lixões.
E
não se esqueça de avaliar os impactos associados ao produto ao fazer a seleção
entre as opções existentes (o que ocorre na próxima pergunta).
3) COMO COMPRAR?
É
hora de pensar sobre as formas de pagamento e sobre a logística dessa compra.
Vai
comprar à vista ou a prazo? Muitas vezes, são oferecidos descontos se a compra
for feita à vista – aproveite isso, se for possível. É importante estar seguro
de poder pagar as prestações em dia, sem que isso venha a sacrificar o
atendimento de outras necessidades, caso resolva parcelar.
Se
não for possível comprar à vista e for comprar parcelado, é importante analisar
não só o tamanho da prestação e se ela cabe no seu bolso, mas também olhar as
taxas de juros do crediário, do cartão de crédito ou do cheque especial.
Vale
a pena gastar esse dinheiro nesta compra mesmo? Avaliar o custo/benefício do
que vai comprar também é importante. Não se esqueça que o dinheiro é um fruto
do seu trabalho e, portanto, do uso de seu tempo.
Outra
decisão importante: comprar de uma loja física ou pela internet? As compras
pela internet podem oferecer preços mais interessantes, mas é importante que
você esteja seguro de que o produto é realmente o que você precisa e considere
o preço do frete no total do valor da compra, além do tempo de entrega.
Também
é importante pensar sobre a logística da compra. Como ir até a loja e como
trazer as mercadorias compradas? Caso vá carregar vários itens pequenos, não se
esqueça de levar uma sacola ou caixa, para dispensar as descartáveis. Vai
trazer as mercadorias de carro? Carro emite gás carbônico, principal responsável
pelo aquecimento global. Por isso, se possível, escolha um lugar para comprar
que seja próximo a você ou que seja próximo do seu trajeto rotineiro, assim
conseguirá ir a pé ou de bicicleta.
4) DE QUEM COMPRAR
Nem
sempre é fácil para o consumidor, mas, na medida do possível, é importante
buscar informações sobre o fabricante e o varejista que estão fabricando e
vendendo produtos com as características do que você vai comprar.
Sempre
que puder, acompanhe notícias de fontes confiáveis e tente descobrir informações
sobre a produção: se há cuidado no uso dos recursos naturais, se os
funcionários são bem tratados, se há respeito à comunidade local, se há
preocupação com a conservação do meio ambiente.
Desta
forma, o consumidor mostra que seu poder de compra permite valorizar as
empresas que cuidam melhor da sociedade e do meio ambiente. Uma vez conhecidas
as características das empresas, para decidir de qual comprar avalie também os
critérios como a qualidade, a durabilidade e a segurança dos seus produtos, além
do seu preço.
A
ideia não é chegar a um veredito absoluto sobre qual a empresa que produz o
melhor produto, mas levar em consideração os impactos de sua produção, uso e
descarte, na medida do possível, antes de definir de quem comprar (o que é
possível quando não se compra por impulso), tirando dúvidas e fazendo uma
compra mais consciente.
Caso
uma empresa tenha seus produtos certificados e apresente um selo social ou
ambiental representando tal certificação, fica mais fácil identificar seu
melhor impacto, ao menos em alguns aspectos importantes. Há uma série de selos
no mercado, alguns deles representando a certificação pela qual passou o
produto e, em outros casos, representando apenas uma autodeclaração da própria
empresa com relação a uma ou mais características do produto. Existem, por
exemplo, certificações de orgânicos (produzidos sem agrotóxicos), certificações
relativas à “justiça social” na cadeia de produção, ou certificações referentes
ao bem-estar animal, entre outros.
Ao
mesmo tempo, dizer não aos produtos contrabandeados ou piratas significa dizer
não às empresas que adotam essa prática e, nesse sentido, faz parte desta etapa
de escolha da empresa da qual comprar, evitando estar associado ao crime ou
práticas que vão contra a legislação do país além de, geralmente, terem
produtos de qualidade inferior. Neste caso, vale a frase: “o barato pode sair
caro”.
E
não se esqueça de verificar se a empresa tem uma boa reputação no atendimento
ao consumidor. Faça uma pesquisa para saber se há muitas reclamações de pessoas
que consumiram o produto ou o serviço. Informe-se também sobre a assistência
técnica ou os serviços de atendimento, para que você seja atendido com
eficiência caso tenha algum problema após a compra.
5) COMO USAR
O
consumo consciente não termina quando você faz o pagamento. Quando você leva o
produto para casa, é preciso dar uma vida longa a ele. Para isso, é preciso que
ele seja bem cuidado, guardado, manipulado e usado, de forma a não ser
danificado.
É
um grande desafio estender ao máximo a vida útil do que compramos. Devemos
aproveitar bem o produto comprado, evitando dessa forma a necessidade de uma
nova compra em curto período e os impactos associados à fabricação, ao
transporte e ao descarte de produtos.
Caso
se trate de um alimento, por exemplo, é preciso que ele seja guardado ou
refrigerado em um local onde não estrague rapidamente, seguindo as instruções
da embalagem, caso existam. Organização é importante para que este alimento
fique visível e não seja esquecido no fundo da geladeira ou despensa. Antes que
um alimento estrague, tente transferi-lo ao congelador – ou faça uma doação
para quem tiver disposição de consumi-lo rapidamente. Com frutas que estejam
maduras, por exemplo, é possível preparar geleias que vão durar mais tempo. Congeladas,
elas servirão para fazer caldas ou sucos no futuro. Já as sobras, os talos e
cascas de frutas e vegetais podem ser utilizados em outras receitas, evitando o
desperdício.
Se
o produto for uma roupa, é preciso que o consumidor conheça o jeito certo de
fazer a lavagem e secagem da peça, para que ela seja preservada. Também é
fundamental que o guarda-roupas esteja arrumado para que a peça seja bem
utilizada e não fique deformada. Furou, rasgou ou desbotou? Trate de buscar uma
solução. Com criatividade você prolongará a vida útil da peça de roupa,
economizará recursos e dinheiro.
No
caso dos eletrônicos, é importante que eles não fiquem ligados
desnecessariamente. Conheça suas funções para que não haja desperdício de
energia. No caso das máquinas de lavar roupa ou louça, por exemplo, busque
usá-las na capacidade máxima, para que a água não seja desperdiçada.
6)
COMO DESCARTAR
Lembre-se:
aquilo que não tem mais utilidade para você pode ser interessante para outra
pessoa. Por isso, avalie antes de descartar qualquer produto. Caixas e
embalagens podem ter outra utilidade, roupas antigas podem ser adaptadas,
móveis reformados e eletrodomésticos consertados, além de poderem ser doados ou
trocados.
Quando
realmente o produto tiver sido explorado ao máximo, é preciso fazer um descarte
adequado, reduzindo ao máximo os impactos negativos na sociedade e no meio
ambiente. Primeiro, considere encaminhá-lo para a reciclagem. Alguns materiais
podem ser reciclados, o que traz uma economia de água, de energia e de outros recursos
em relação à sua produção a partir da matéria-prima virgem. O resíduo orgânico
pode ser compostado, gerando adubo que pode ser doado ou usado no seu próprio
jardim.
Não
se esqueça de que há produtos que exigem descarte especial para que não haja contaminação
da água e do solo, como pilhas, lixo eletrônico e lâmpadas. Procure o posto de
coleta mais próximo da sua casa.
E
recorde-se de que não existe “jogar fora”: o “fora” é “dentro” do nosso próprio
planeta, onde todos vivemos.
Ao
fazer essas perguntas antes de uma compra, você fará parte de um movimento
transformador. Mesmo seus pequenos atos de consumo, se forem repetidos por um
longo período de tempo, têm um forte impacto. Por isso, faça a diferença e seja
um exemplo para as outras pessoas! Compartilhe as 6 Perguntas do Consumo
Consciente para multiplicar essa prática positiva.
Fonte: Instituto Akatu