O Foguete VS-30 será lançado hoje (29) do Centro de
Alcântara, no Maranhão, para testes com o motor movido a combustível líquido,
desenvolvido pela empresa Orbital Engenharia em parceria com o Instituto de
Aeronáutica e Espaço (IAE), do Departamento de Ciência e Tecnologia
Aeroespacial (DCTA) da Aeronáutica. O 13º voo do foguete está previsto para as
16h, em direção ao Oceano Atlântico.
A carga útil, denominada Estágio Propulsivo a Propelente
Líquido, utiliza etanol e oxigênio líquido, explicou o coordenador do projeto,
coronel-aviador Avandelino Santana Júnior. “O que estamos tentando obter com
este voo são dados do desempenho do motor em elevadas altitudes e condições de
ambiente espacial”, disse, explicando que o sistema já é conhecido e foi
exaustivamente testado em laboratório.
O objetivo é a utilização do combustível líquido no
lançamento de satélites, que suporta massas maiores e maior altitude. Até
então, os lançamentos no Brasil eram feitos apenas com propulsores sólidos. “Os
maiores satélites colocados em órbita são por meio de motores com carga
líquida, mas, até então, o país não dominava essa tecnologia. Com ela, temos a
vantagem do desempenho e de operações com maior precisão”, disse o coronel
Santana.
Segundo ele, serão abertas novas possibilidades no
desenvolvimento de motores e na aplicação em outros veículos aeroespaciais
brasileiros.
O voo do VS-30 deve durar em torno de dois minutos e não
haverá recuperação da carga útil. O tempo é pequeno, mas suficiente para a
transmissão e coleta dos dados da performance do motor do foguete, segundo o
coordenador da operação.
Além do combustível líquido da carga útil, o foguete levará
um GPS de aplicação espacial da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e
um dispositivo mecânico de segurança concebido no IAE, denominado Chave
Mecânica Acelerométrica.
O coronel Santana explica que o dispositivo funciona como
uma torneira, podendo abrir e fechar conforme a necessidade. “Com o propulsor
sólido, não temos esse controle, ele vai queimar até acabar, você não consegue
reacender um fósforo. A grande vantagem é que ele fornece mais energia para o
motor e pode dar várias ignições”, explicou.
A Operação Raposa foi iniciada no dia 12 de agosto e contou
com o lançamento de um Foguete de Treinamento Intermediário, no dia 21, que
testou os meios associados às atividades de preparação, montagem, transporte,
integração, lançamento e rastreio de veículos espaciais e preparou a equipe
envolvida para o lançamento principal.
A operação é apoiada pela Agência Espacial Brasileira e
conta com a participação de organizações militares subordinadas ao DCTA, ao
Departamento de Controle do Espaço Aéreo e à Marinha do Brasil. Os trabalhos
também são acompanhados pela Agência Espacial Alemã.
Fonte: Agência Brasil